ASSEMBLEIA GERAL – Ciberespaço
THE BALD EAGLE
Por Ana Vitória Serafim da Rosa, correspondente do The Bald Eagle no SIEM 2025
Ciberespaço vira novo campo de batalha diplomática: potências se confrontam em debate global sobre segurança digital
EUA clamam por liderança, China acusa ataques, França busca equilíbrio e Reino Unido desafia regimes autoritários em defesa da liberdade online
FLORIANÓPOLIS – O clima esquentou no primeiro bloco de discursos da Simulação de Organizações Internacionais para o Ensino Médio (SIEM 2025), realizado na Universidade Federal de Santa Catarina. Com o ciberespaço no centro da agenda diplomática, as grandes potências transformaram o debate em um campo simbólico de disputa por influência global.
Estados Unidos reafirmaram sua posição como “guardião da civilização mundial”, propondo uma ofensiva diplomática para consolidar normas internacionais de responsabilização no uso de tecnologias emergentes. “A América está pronta para liderar esse processo”, declarou a delegação com ênfase em segurança de infraestruturas críticas e cooperação com empresas privadas.
China, por outro lado, denunciou ataques cibernéticos oriundos de uma “grande potência”, insinuando rivalidade direta com os Estados Unidos. O país defendeu seu modelo de vigilância como mecanismo legítimo de defesa e controle social. “A preservação da ordem interna é prioridade”, disse a delegação, exigindo respeito à sua soberania digital.
França adotou uma postura diplomática, mas não menos firme. A delegação enfatizou a importância do direito internacional e dos direitos humanos como fundamentos para qualquer governança digital. “Não podemos sacrificar a liberdade de expressão em nome da segurança”, pontuou.
Já o Reino Unido elevou o tom ao denunciar os perigos da desinformação e dos crimes digitais que “cruzam fronteiras” e minam democracias. Relembrando o referendo do Brexit, os britânicos clamaram por regras claras e condenaram o “uso autoritário da internet para fins de censura e propaganda”.
Nova Guerra Fria Digital?
Especialistas alertam: por trás da retórica diplomática, o que está em jogo é o domínio sobre o território mais valioso do século XXI — o ciberespaço. Com Estados Unidos e Reino Unido exigindo mais transparência, e China defendendo controle estatal, o risco de uma nova Guerra Fria digital se intensifica.
A simulação mal começou, e o palco já está montado para embates que prometem agitar as próximas sessões. A pergunta que paira sobre os auditórios do SIEM 2025 é: haverá consenso entre potências tão distintas