Liga Árabe
Liga Árabe entra em impasse sobre a guerra na Síria e o destino dos refugiados.
Trocas de acusações, silêncio diplomático e tensão nas fronteiras marcam os debates sobre intervenções militares e direitos humanos no Oriente Médio.
A sessão da Liga Árabe no SIEM 2025 foi palco de fortes declarações, constrangimentos diplomáticos e profundas divergências sobre a condução da guerra na Síria e a crise migratória na região. A Arábia Saudita abriu sua participação reafirmando que a presença de forças armadas nas fronteiras sírias é prejudicial, posicionando-se contra intervenções militares diretas. A fala, no entanto, foi desafiada por Omã, que convocou o país ao púlpito para defender sua posição. A delegação saudita aceitou o chamado, mas demonstrou insegurança ao responder, causando uma obstrução da reunião e quase recebendo uma sanção da mesa organizadora.
A República Árabe da Síria respondeu duramente à oposição à intervenção armada, apontando a contradição de países que se colocam contra as forças militares, mas que também não se mostram dispostos a acolher os refugiados gerados pelo próprio conflito. O argumento foi reforçado posteriormente, quando a delegação síria defendeu o uso das forças armadas como resposta à construção de muros e à rejeição de imigrantes por países vizinhos.
A Turquia foi um dos focos de crítica, após revelar a instalação de um muro elétrico em sua fronteira e a criação de campos de detenção para quem tentar atravessá-la — ações que provocaram reação direta de outras nações presentes. O Iraque acusou o Líbano de hipocrisia, por clamar por solidariedade internacional enquanto, segundo eles, negligencia os próprios refugiados. “Não se pode pedir solenidade quando falta humanidade”, declarou a delegação iraquiana. O Líbano optou por não responder.
Apesar do silêncio inicial, o Líbano voltou a se posicionar mais tarde, destacando sua recente redemocratização e afirmando que poderá investir em intervenções armadas se considerar necessário. Em meio às tensões, o Reino do Bahrein adotou um tom moderado, chamando atenção para a desumanização da violência no conflito.
Enquanto isso, o Egito demonstrou apoio aos refugiados sírios, e o Iêmen fez um apelo pela criação de um acordo que garanta a manutenção dos direitos humanos no cenário da guerra. A Turquia, por sua vez, justificou suas medidas de fronteira alegando a necessidade de contenção da violência curda, prometendo manter as políticas atuais.
Com embates intensos e pouca sinalização de consenso, a sessão da Liga Árabe revela o desafio da diplomacia em meio à dor da guerra e às fronteiras da solidariedade.