Internet em guerra: países trocam acusações em debate sobre o futuro do ciberespaço
O que começou como uma tentativa de estabelecer regras para tornar o ciberespaço mais seguro transformou-se em um campo de batalha diplomático. Países do mundo inteiro reuniram-se para debater segurança digital, regulação da internet e combate à desinformação, mas o que se viu foram acusações, provocações e alianças inesperadas.
A tentativa de criar regras internacionais para o uso da internet tornou-se foco de ataques diplomáticos, alianças inesperadas e trocas de argumentos entre potências.
Os Estados Unidos, defensores de um ciberespaço “livre e seguro”, foram alvo de diversas críticas. Haiti e Singapura questionaram o discurso americano, chamando-o de contraditório e acusando o país de promover censura disfarçada. A Rússia rebateu, afirmando que os EUA usam a liberdade como desculpa para manter o controle global e que “caluniam para depois se fazerem de vítimas”.
O Brasil, por sua vez, fez um alerta sério, relembrando o apagão digital que atingiu 15 países europeus em abril de 2025 e levantando suspeitas de ataque cibernético. O país defendeu investimentos em educação digital, cooperação internacional e medidas urgentes para garantir a segurança online. “Não é apenas uma questão técnica, é estratégica”, enfatizou.
A Alemanha reforçou a necessidade de conscientização sobre o que é consumido na internet, citando os erros cometidos durante a pandemia de COVID-19. As Filipinas fizeram um apelo contundente contra as big techs, alertando que “as crianças estão sendo alvos” e que as empresas precisam seguir padrões éticos. O México acusou a França de hipocrisia por “exportar liberdade e reprimir direitos”. A Noruega trouxe uma proposta específica: os aplicativos devem comprovar a idade real de menores para evitar a burla das regras de segurança.
Os blocos começaram a se formar. De um lado, países como EUA, Japão e Brasil defendem liberdade com regras claras, mas sem censura; do outro, Rússia, China, Vietnã e Cuba defendem uma regulação rígida e controle estatal para garantir justiça digital. No meio, Suíça, Alemanha e Uruguai tentam mediar o conflito propondo a criação de uma carta internacional equilibrada.
Enquanto isso, países emergentes como Uganda, Bangladesh e Azerbaijão reivindicam mais voz e buscam quebrar os monopólios digitais que sufocam economias menores.
O clima esquentou ainda mais quando a Irlanda acusou a Alemanha de promover acordos sem permitir o debate. A Coreia do Sul sugeriu uma aliança com Chile, Uruguai e Alemanha contra o monopólio digital. Já a Austrália fez um alerta: “O próximo ataque não será apenas virtual, pode custar vidas.”
O que ficou claro é que todos concordam em um ponto: o ciberespaço precisa de regras. No entanto, ninguém quer abrir mão do próprio poder para que isso aconteça. Por enquanto, a internet continua sendo um território disputado, onde todos querem exercer controle.