A organização da primeira edição da Simulação de Organizações Internacionais para Alunos do Ensino Médio torna público os temas trabalhados na edição de 2011 do SiEM. O projeto, que será realizado dia 30 de abril no Centro de Eventos da UFSC, busca trazer os alunos das escolas de ensino médio para perto da academia, desenvolvendo nesses estudantes uma consciência maior sobre questões internacionais, uma melhor capacidade em resolução de conflitos através da cooperação, uma melhor formação civil e social, além de uma melhora em capacidades práticas como a oratória e o contato com um grande público. Através desses objetivos, a primeira edição objetivou abordar temas de caráter conflitivo, social e ambiental, buscando a pluralidade de assuntos dentro do cenário internacional
Na Assembleia Geral, espaço de discussão mais tradicional dentro das organizações internacionais, o tema a ser discutido são As Sanções do Irã decorrentes do Programa Nuclear. A discussão sobre armas nucleares, que vem se aprofundando desde o fim da Segunda Guerra, encontra no Irã a exemplificação de uma preocupação coletiva dos países sobre a posse de armamentos nucleares. O Irã, país de maioria islâmica, registra em sua história política uma série de golpes, revoluções e governo ditatoriais, além de um embate instável com os EUA, concretizado principalmente na Revolução Iraniana e em Saddam Hussein. Assim, além da visão de uma instabilidade política, o Irã também coloca em cheque o Tratado de Não-Proliferação, responsável por fazer a manutenção da posse de armas nucleares entre os países. Cabe aos delegados, analisando também a relação do Irã com países ocidentais como os EUA, trabalhar as delicadezas e complexidades dessa discussão.
No âmbito da Organização de Estados Americanos, o tema é a Guerra das Malvinas. O território, que foi inicialmente disputado pela Espanha e pela Inglaterra durante o século XIX, foi de posse inglesa até uma revolução que explodiu em Buenos Aires, sendo posteriormente reivindicado pela Argentina. Anos depois a Inglaterra anunciou a retomada de posse do território, dando início ao conflito conhecido como Guerra das Malvinas. O conflito, que de desenvolveu através de várias invasões, batalhas e tentativas falhas de negociação, se encontra em um estado diplomático após a derrota argentina. No entanto, a eterna divergência sobre o território malvino ainda se mantêm latente, principalmente agora que os ingleses estão investindo em exploração de petróleo em águas próximas ás Malvinas. Assim, nesse tema mais conflitivo, os delegados devem se posicionar na tentativa de garantir uma paz efetiva entre essas duas nações.
Dentro do tema dos direitos humanos, na reunião do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o tema é o Tráfico de Pessoas. Na última década, mesmo com esforços importantes como a Convenção para Supressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição de Outrem e a Convenção contra o Crime Organizado Transnacional, registrou-se um aumento nos casos incidentes de tráficos de pessoas. O problema, que data o século XIX e se inter-relaciona com prostituição forçada e escravidão, é uma grande pauta dos direitos humanos contemporâneos. Nessa reunião, cabe aos delegados associar a discussão da problemática com sugestões de resoluções práticas, associando as diretrizes da ONU com as legalidade internas dos países, além do esforço coletivo da comunidade internacional.
Reforçando a importância da pauta nuclear para a comunidade internacional, no comitê específico da Agência Internacional de Energia Atômica, vão ser discutidas as Salvaguardas ao Irã de maneira mais prática. Isso acontece pois a AIEA, organização idealizada pelos vencedores da Segunda Guerra em 1956, solidificou seu papel de importância no controle da utilização pacífica das armas nucleares com o Tratado de Não-Proliferação e seu protocolo adicional, que permitiu a agência fazer vistorias de instalações de, por exemplo, reatores parados. O importante de se observar é que o Irã não internalizou a lei que permite vistorias de instalações e segue afirmando seu compromisso com uma produção nuclear pacífica e para fins não-militares, mesmo com as acusações de outros países ocidentais. Nessa reunião os delegados, em caráter mais prático, devem levantar argumentos pertinentes sobre a relação do Irã com a produção de armamentos nucleares e com o TNP.
O tema a ser discutido no bloco da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC) é o Combate ao Terrorismo. É possível afirmar que todos os membros da APEC já sofreram com algum tipo de terrorismo, sendo os EUA o exemplo mais emblemático pelos eventos do 9/11. No entanto, outros exemplos como a Indonésia, Austrália, Tailândia, Papua Nova Guiné e a grande maioria dos países do sudeste asiático também se incluem nesse grupo, sendo atingidos pelo terrorismo através de grupos como o Abu Sayyaf e o Hezbollah ou por diferentes tipos de movimentos regionalistas e separatistas. Nessa reunião, o esforço conjunto dos delegados diz respeito a condensar essas diferentes frentes do terrorismo em uma resposta de segurança conjunta desses países, focando em resoluções concretas eficientes.
Abordando o problema por outra frente, na reunião clássica do Conselho de Segurança também se discute a Imposição de Sanções ao Irã. A história a respeito das produção de armas nucleares e a dificuldade de negociação com o Irã se mantêm. Nessa reunião, cabe aos delegados continuar a destrinchar o tema, porém a partir de outra ótica e de outra dinâmica. No Conselho de Segurança, as decisões passam agora por um menor número de países (15, sendo 5 permanentes e 10 não-permanentes) e tem uma dinâmica de votação que permite veto. Assim, o relacionamento entre os delegados nesse âmbito exige um maior cuidado, sendo responsáveis por produzir resoluções com caráter vinculativo para todos os países participantes da ONU.
A pauta ambiental vai ser discutida na Organização Mundial da Saúde e diz respeito á Doenças Relacionadas á Mudanças Climáticas. Nessa reunião, a intensão é levantar a discussão sobre como requisitos fundamentais para a saúde como ar limpo e água potável podem ser afetados diretamente pelas mudanças climáticas. A conversa ambiental na OMS talvez seja a reunião que mais exija dos países um esforço conjunto em formular resoluções coletivas e que pedem por colaboração global. Aqui, é importante ressaltar documentos já formulados dentro dessa questão como o Protocolo de Kyoto e a Agenda 21.
Na reunião da União Europeia, os delegados vão discutir a Posição da União Europeia sobre Israel/Palestina. O conflito político entre Israel e Palestina, que remonta tempos antigos, envolve disputas territoriais e dissidências entre as crenças judaica e árabe. A situação, que é de interesse global, tem gerado mais discussões no âmbito da União Europeia devido à acontecimentos como a construção de assentamentos, ofensivas a região de Gaza e ataques à militantes palestinos por parte de Israel. Assim, o bloco visa fornecer ajuda, principalmente financeira, na tentativa de resolver o problema. No entanto, essa ajuda não tem sido efetiva. A questão a ser levantada pelos delegados nessa reunião, dessa forma, passa por questionar qual precisa ser a política externa desses países para o conflito entre Israel e Palestina, como essa política externa se dará e quem é capaz de fornecer auxílio financeiro para essa empreitada.
A Pirataria na Somália é o tema abordado na reunião da União Africana. Devido ao caráter de formação, unindo um território colonizado por França, Itália e Inglaterra, esse país africano sempre foi propenso à disputas étnicas que levaram a uma instabilidade política severa. Desse contexto surge o problema da pirataria, inicialmente surgindo como resposta a incapacidade do Estado da Somália de prover bens básicos a sua população. Assim, o problema contemporâneo da pirataria surge em resposta a esse governo fraco, gerando consequências como o sequestro de navios em águas internacionais e uma associação crescente da pirataria com o terrorismo. A questão da pirataria na Somália é, portanto, um assunto que acaba refletindo em diversas parcerias e transações comerciais marítimas, expondo também a existência frágil do governo e da população somali.
A edição de 2011 espera receber aproximadamente 150 estudantes de todas escolas públicas e particulares de Florianópolis e região.
As inscrições para o projeto em 2011 já estão encerradas, entretanto, no segundo semestre já iniciaremos os preparativos para o II SiEM, que será realizado em 2012.
(mais…)